quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pontes entre pesquisas em Porto, Portugal


Entre os dias 13 e 28 de outubro de 2012, estive a dialogar com pesquisas que venho realizado no Seminário Internacional Atravessar Pontes: entre escolas e museus, promovido pela Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual - APECV (texto da comunicações do evento disponível AQUI)
Também atuei  ministrando aulas no Mestrado em Ensino de Artes Visuais da Universidade do Porto.
Procurei demonstrar o meio do qual me situo: o Vale do São Francisco e, a partir dele, construindo entendimentos sobre as pesquisas que estudantes do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UNIVASF tem realizado sob minha orientação e as pesquisas que tenho desenvolvido individual e colaborativamente com outros pesquisadores do Brasil e do exterior. Foram experiências fantásticas e sei que inicio de outros tantos e excelentes diálogos. Eis o texto que escrevi sobre as experiências neste processo, que será divulgado no site da APECV:              
Eu acredito nas pontes, pois delas emanam o desejo do encontro e dão partida a outras relações que reverberam na arte, na vida.
Da mediação que realizei, vi o trabalho de Samuel em que o território é espaço expandido, revigorado, em que o museu pode estar à tiracolo e a discussão é campo aberto do sentir, do desenvolver-me em relação a obras, materiais artísticos ou não.
Com Dori, a percepção de que a mediação para pessoas com necessidades visuais, na inclusão museal é um desafio aos mediadores culturais e professores de Arte, pois não estamos nem somos preparados na universidade para lidar com todos os públicos e articular uma educação inclusiva coerente e significativa.
Com Paulo, a vida e a morte revisitada pelos profissionais de saúde em cemitérios, encontros, reflexões, quando a Arte se torna meio de acesso a sentidos e sentimentos a quem vai aprendendo a lidar com estes dois lados da vivência.
Vejo em tudo que houve no seminário, experiências, refazimentos de si, intersubjetividades compartilhadas e o grande desafio de ampliar a spontes, ir até os estudantes que estão nas licenciaturas que trabalharão com mediação, pensar na prática a teoria, questionar, indagar-se, desenvolver ideias ou contrapô-las com os trabalhos de outros,  ligações indispensáveis para quem está em formação e pensar que esta formação é algo que não termina, pois ser professor é um constante rever e reconstruir-se cotidianamente.  
Esta possibilidade que não é mais latente mas está bem visível, com as conversas do seminário, é um caminho entre tantos outros que as pontes conectaram, aproximar-se do outro, entender sua realidade, refletir-se.
É por isso que vejo as pontes também como espelhos na medida em que em seus elos, desenvolvemos nossas potencialidades, olhando, refletindo sobre o outro, encontramos saídas, buscas, perguntas e enfrentamentos, expandindo-se os limites, além do que poderíamos supor caso não houvessemos atravessado suas extensões.
É num deixar de registros, aqui e agora, penso que no legado que deixamos a cada momento de encontro e que não esqueçamos na educação artística de que tanto podemos auxiliar nossos estudantes a voar como podemos cortar-lhes as asas, reproduzir as tantas asas que a cultura escolar nos cortou...
Desejo que estas pontes criadas reflitam em muitos espelhos e que das asas que nascemos não esqueçamos nunca!
Talvez para o próximo encontro, devamos nadar juntos e ver o que a corrente nos traz, expressões, novos olhares, indagações...na braçada, nos sorrisos, nos olhares os rios, os mares, as tantas águas que passam por nós e nunca são as mesmas, quebrando as tantas pedras que encontramos pelo caminho...
Que venham águas, transformadoras, renovadoras na educação artística e especialmente na educação museal!

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