segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Amadurecendo

Sai o dia, chega a noite por onde mora o assobio,
 foi que eu vi aquele alento,
como quando bate as horas, desatento,
separa em códigos
e miragens os momentos.
Eu ouvi de longe a cotovia
chamando soturna
perto do meu abrigo
onde declamo minha voz muda
encontro imagens em desvios
sou perpassada por ares sem muros.
Hoje eu vi de repente
olhar os olhos de profundo
ter de dizer o motivo
do motivo que me fez ver mundos
dor maior é a dor doida
de quem se fez em pele garrida
e ficou em redoma sentida
que quando chocou
o mundo mudou
e então teve de se fazer em sustos.
Dessa cicatriz sei que não me curo,
ficará ali
bem no pilar do muro
dizendo não esqueça nunca
Certa de que ainda haverá enganos
desenganos por se mirar
por não conhecer
se conhecerá dores e sentidos
que a vida trará
olhar bem defronte
sem medos nem desvelos
desafio maior não há.
Quero então nesse pedaço de tempo
em que a noite madruga
e o dia ainda não se gesta
que traz no entremeio a antiga palavra
amadurece
amadurecendo.

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