segunda-feira, 19 de abril de 2010

MOMENTOS A CONTAR

Momentos...


Está perto de um novo dia e eu vejo as horas passando, às vezes é tão rápido , outras nem tanto.

Quando o momento exato conta, enxergo expressão, contínuo encanto por entre as frestas que o dia dá, quando nos atemos a coisas além dos muros que a vida nos coloca. Ah, e então galgamos os obstáculos e temos ideia do que está do outro lado. A grama nem sempre é verde, mas ao menos não ficamos estagnados no olhar, corremos atrás de uma nova melodia de ser.

E bem , eu cidadã híbrida em uma contemporaneidade em polvorosa de conceitos, técnicas e metodologias me encontro trespassada entre dúvidas, dores e alegrias.

Procuro não deixar o caos atingir os ouvidos e invadir o corpo, e o corpo, esse invólucro descartável que filósofos destacaram como inutilizável peça onde a alma se prende. Leituras tantas e maior ainda se tornam as possibilidades e ser, eita é a maior dificuldade.

Como ser num momento fugaz, em que informação e discurso devem estar aliados a uma voz que sabe dialetizar a palavra e a teoria e proferir réplica, tréplicas sobre algo? Ser nesse momento não é importante, daí é o teórico em voga que responde por nossos lábios e então nos deleitamos no academicismo.

Sou meio desconfiada com preceitos estruturais. As estruturas não existem na teoria, temos as estruturas mentais que permeam nosso intelecto no intuito de dar-nos suficiente base para agir, criar, demonstrar e refletir sobre quem somos e sobre tudo à nossa volta. Na teoria, estruturas são paradigmas e bem já afirmam os velhos teóricos e os novos da atualidade, a perda dos paradigmas veio pós-modernidade.

No momento, faço anos e vejo o tempo como paranóia coletiva.

Estou me indagando se é mesmo necessário se ater a tudo, se não podemos escolher particularidades, pois no detalhe, na delicadeza, na entrelinha está a arte, a parte que talvez nos falte, quando o discurso se torna hábito e o hábito nos fecha em muros e os muros são tão altos que não sabemos mais quem somos e pra quê viemos ao mundo.

Já me questionei se é divertido a teoria. Divertido talvez não, mas ela nos ajuda a refletir sobre coisas que nos parecem importantes. Para mim importante é agora o dia que ainda não chegou e o dia que está dormindo nessa noite sonolenta.

O momento é um toque de palavras que ecoam como um sussuro na mente, contando coisas que guardo no subconsciente e exalo minutos antes de dormir, é quando deságuo a cor das horas que me encharcam, tomam conta do meu dia. E o dia é contado assim a conta-gotas, pinga, pingando deveres e afazeres. Sou contada por questões que mudam, aparentemente, de acordo com discursos, hierarquias e necessidades.

Programas, impossível, planejar o óbvio, essencial, os desacertos acontecem e o estresse básico de ser em constante transformação, de ler e reler e notar que nunca se tem certeza de nada, que talvez o que se lê hoje amanhã não terá validade é uma constante.

E desconfio que agora eu esteja confabulando, pode ser.

Escrever, necessidade mais eterna que o respirar, queria poder estar nas ondas que sempre trocam em diálogos com a areia, tocar a tua pele de enlance, em ritmo cadente te contar que nos encontramos, nos parecemos, somos todos seres humanos e todas palavras só tem sentido no momento se uma coisa existe:
o sentimento.

Muito certo estava quem disse que razão sem sensibilidade não é razão, é logicidade.

Segundo a lógica talvez isto seja mais um devaneio, segundo a razão é um contar, de acordo com a sensibilidade se chama diálogo.

Está chegando amanhã, depois te conto do momento em que eu fizer mais anos, se valeu a pena se deixar contar ou se foi melhor contar as contas que as gotas da vida me revelará.