A obra "A Ceia", do discente do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da UNIVASF e artista visual Antonio Gregório, vem causado polêmicas, desde sua instalação na última quinta (05/05). Diversos protestos já causou, entre eles, atos de censura (com o cobrimento do trabalho e colocação de cartas na vidraça atrás da obra, dizendo que se trata de "uma afronta aos bons constumes").
Na condição de artista visual e arte/educadora me questiono sobre o panorama atual da arte contemporânea brasileira e as narrativas que estão entre as revoltas que o trabalho já promoveu no contexto de Juazeiro/BA. Por que o choque? Não seria o caso de se perguntar o motivo do trabalho, mas qual a sua relação com o meio, talvez como forma de protesto, tendo em vista que os últimos trabalhos dos discentes do curso tem sofrido algum vandalismo por parte de discentes dos cursos das engenharias ou outros que se utilizam dos mesmos espaços. Como trabalhar uma obra como esta em sala de aula? Como desmistificar questões que envolvem sexualidade na escola, nas aulas de Artes Visuais? Por que elementos sexuais pode ser explorados atualmente extensivamente pelas mídias e expostos a todos os tipos de público e todas as faixas etárias e num trabalho artístico provoca tanto repúdio, ojeriza?
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3 comentários:
Nada contra o falo
falei
Nada contra o pênis
penei
Mas quem não quis ver
Viu
E quem não quis sentir
Sentiu?
Primeiro, a obra a qual o artista faz referencia é a "Ultima Ceia" e não a "Santa Ceia" como fora colocado, entendendo que as pessoas quais julgam a obra não conseguem distinguir ou mesmo diferenciar as duas obras de caráter completamente diversos, não teriam estes base nenhuma para criticar a arte, ou a liberdade de expressão que nos é concebida pelos mínimos direitos nesta sociedade. Vou adiante e acrescento, a obra é só uma das primeiras de tantas outras que virão, é a proposta do desenvolvimento da capacidade artística de cada um que se propôs a fazer tal curso. Ainda, os grandes pensadores, artistas, filósofos, e demais intelectuais eram tidos na sua grande maioria na época em que viviam como loucos, desordeiros, e muitos outros xingamentos, e de que serviram? Se não fossem estes, meus caros, estaríamos vivendo sem nenhuma grande evolução. Com certeza foi polêmica a primeira mulher que usou biquíni em uma praia, a primeira que se divorciou, a que fez top less, praticas que hoje são comuns tiveram que ser desbravada por alguém que carregasse na alma a autenticidade e a coragem de não se acomodar com o que lhes foi imposto.
“Um passo frente e você não esta mais no mesmo lugar” (Chico Science).
Ana Rafaela Meneses
Embora estejamos em pleno Século XXI, vejo que as obras de arte que envolvem a sexualidade ainda trazem polêmicas à tona. A obra “A ceia” de Gregório Braque, aluno do curso de licenciatura em Artes Visuais da UNIVASF não fugiu da sina.
A união entre o profano e o sagrado já é bem antiga, e um dos casos mais conhecidos é o do escultor e pintor Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni que também foi envolvido em um escândalo por pintar corpos nus em seu afresco “O juízo Final” (1537-1541) para o teto da Capela Sistina. A cena pode ser constatada no filme Agonia e Êxtase (The agony and the ecstasy)-1965-Direção Carol Reed.
Isso demonstra que o ser humano, principalmente o ocidental, ainda não sabe lidar com sua própria sexualidade e não é a primeira vez que a Arte tropeça nesse tema e o pequeno painel de “mulheres e homens nus, com seus órgãos sexuais a mostra, insinuações de sexo, e imagens insinuativas”, prova isso. A grande pergunta é: a polêmica foi gerada pelo o uso de uma imagem que remete à “Última Ceia” ou pela exposição de falos como escultura? E por que o painel causa mal estar se são reproduções de obras já consagradas dentro da História da Arte?
Creio que todo esse burburinho em torno do trabalho é saudável se direcionado a um diálogo sobre a democracia dos espaços universitários e não à critica do que é ou não Arte. Afinal, hoje em tempos contemporâneos é difícil instituir a obra artística, já que não há mais cânones.
Quanto à polêmica que os falos causaram, pergunto se como educadores não deveríamos encarar a sexualidade como uma realidade explícita também na Arte ou se também devemos proibir o uso da imagem de pênis e vaginas nos livros de biologia e de ciências em prol da “preservação dos bons costumes” das pessoas desavisadas.
Prof. Danilson Vasconcelos
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