quarta-feira, 21 de julho de 2010

Do fogo

Estou bem próxima do fogo. Olho em introspecção, suas chamas, lembrando das idas e vindas que a vida me atravessou.
Ela não pára de ser, e não se consome, devo ser como a chama, preemência e afeto ao tempo, ao oxigenio que a vida dá.
São tantas as obrigações do cotidiano e não se deixar engolir pelas poeiras que o tempo traz pelo vento, cadenciado nas horas. Passa-passa e eu não tenho medo, envelhecer é já certo, o melhor remédio é abrir aquele sorriso que começa amarelo e se torna audível até chegar a gargalhada, grito rouco, eu gargalho então a todos aqueles olhos que me subjulgaram, eu simplesmente dou uma extrema gargalhada, sem motivo nenhum e ignoro.
Estou num momento de observação. Tem a minha pesquisa, tem os livros que devo ler, e os afazeres e o trabalho. Tem as tarefas cotidianas que parecem querer me engolir. Mas eu me faço cuspir de volta.
Quais então são as questões? Ver e ser. Não há tantos contrastes como parecemos encontrar.
Ser artista e ser professor.
Ser mulher e ser artista. Ser mulher, artista, professora e dona de casa.
Somos todos múltiplos.
Olho de novo para a chama da vela,  a brisa muda seus contorno, ela permanece, mesmo sinuosa.
É isso mesmo viver a vida: permanecer mesmo nas sinuosidades e dificuldades do dia.

Um comentário:

virginia disse...

LIndo Flávia! identifiquei-me muito com essa poesia.Não podemos perder a 'substância' sutil e invisível do elo entre nosso mundo interior,desse fogo, e do mundo exterior. Esse elo nos dá a certeza de que estamos no caminho certo.