Percorro o instante em que sentei naquela praia semideserta e olhei densamente para o mar que quebrava suas ondas com o desvelo dos amantes a se tocarem sobre a areia fina e avermelhada.
Estive por longos momentos ora revendo todos os acontecimentos, ora com o olhar perdido entre as marolas e seus sons relaxantes.
Faz um certo tempo que não enxergava o mar.
Tantos anos, tantas palavras, tantas pessoas e pouco tempo. O tempo diagnosticado, tomado, calculado, conta-gotas contado.
Andei ainda alguns quilômetros enquanto o sol se punha sobre a areia molhada.
Eu pregaria para os cegos, surdos, toda a vontade que está aqui tão viva como no dia que a descobri.
Foi assim: ardia um forte desejo. Contar coisas novas, desvendar horizontes e renovar ares, ser transformação em ação para outros.
E a chama nunca se apaga, lá está ela queimando pelo diálogo, pela troca entre mim e meus alunos, mim e meus mestres, mim e a vida.
Consigo hoje controlar a ansiedade com a certeza plena de que dias virão de alegria e tristeza, mas este fogo que arde sempre, este amor pela educação não falecerá.
Quanto mais pesquiso, leio e estudo, maior se torna o desejo pela mudança, quebra, renovação.
Amanhã é um dia de respostas, eu me calo em silencio e vou organizando as coisas, a casa, colocando detalhes que eu nem lembrava que existiam, colecionando momentos marcantes.
E nisso me sinto feliz, plenamente.
Agradeço então por ter conseguido uma parte do que sempre quis.
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