Nesta tarde quente de agosto,
entre as folhas das bananeiras trepidando seus odores,
os cantos dos pássaros
de leve em soslaio,
meu corpo padece pelo teu,
nas horas ao lado,
a quentura das tuas mãos sobre as minhas,
em ondas,
produzindo duas faces rosadas da aurora:
beijo e desejo,
estou repleta em contínuo respiro,
marejada pela sensação desmedida...
Não tenho tempo para números,
quero silêncio nas vozes
que ecoam em meu corpo,
trêmulo, desnuda e pingando em suores,
Tácito, tácito é este momento
onde me tornei poesia
em que não fui apenas palavras,
dei abertura ao canto
encaixotado há anos dentro do peito,
acalanto para as dores,
amor revelado,
este é o melhor lugar do mundo,
quando encontro em teu aconchego
as verdades plenas que parecem estar atadas e,
de fato, estão apenas escondidas
e, sim, ser filho de uma terra não é nascer nela,
É possuí-la em seu desejo de ser,
Sou seu pedaço de chão arado, entre as chuvas
mato e folhagem, vejo o sol entre as nuvens
Peço ao céu o teu calor novamente
e o frio sobe a espinha
e na memória apareces
com a maior paciência a descobrir-me.
Entre teus calores me desnudo,
sou lágrima caída sem destino
viro a borboleta que foi pega sem aviso,
quero o som do rumorejar de águas
e em oceanos me encontro
trazendo e levando
percebo o desvio, a porta entreaberta,
onde abraçei as metáforas
e quis ser em código,
Tu me decifras entre teus dedos
percorrendo os sinais,
das paredes destravo
as horas em que vivi atravessada:
sou então mulher,
mulher em poesia embalsamada.
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